Reflectir Para Educar...

Na era das TIC impunha-se a criação de um espaço de formação interactiva, complementar à vida da sala de aula. Aqui está ele! Aberto à publicação de textos, imagens, pedidos de ajuda, sugestões...Aqui está a possibilidade de continuarmos e explorar as potencialidades da nossa língua portuguesa. Todos seremos poucos. Bem-vindos!!! JMCouto

segunda-feira, novembro 27, 2006

Que cresçam na Paz e na Alegria Todos os meninos do Mundo

Eu queria ter um mundo
Diferente até ao fundo,
Feito todo de bibes e de tranças.
Queria um mundo diferente,
Sem mais gente
A não ser as crianças.
Um mundo sem sorrisos estudados
Nem gestos premeditados,
Sem sortes nem azares
Apenas com os olhares cristalinos
De milhares de meninos pequeninos!...

Queria um mundo sem noites,
Sem varas nem açoites.
Um mundo só com dias
Com sol e melodias,
E com as gargalhadas
Escancaradas dos petizes,
Mas todos felizes!

E se a noite viesse,
Queria que ela tivesse
Uma enorme lua,
Redondinha
E tão baixinha
Que tocasse na rua.
E se deixasse agarrar
Assim tão amarela
Seria a mais bela
Das bolas de jogar.
Noite fria?!
Não, nunca haveria
E noites sem estrelas
Nunca vê-las.
Só as noites dos contos
E tão brilhantes
Como o manto das fadas!...

Era um mundo assim
Que eu queria para mim:
A noite sem medos,
O dia sem segredos,
E a vida
Toda construída
De brinquedos!

Todos os petizes
- Só os havia felizes –
Continuariam a acreditar
Que se pode apanhar
O próprio sol
E que uma velha meia
De farrapinhos cheia
É a melhor bola de futebol!
O pau de vassoura
Faria de cavalo
Bastaria montá-lo
E à princesinha moura
Cativa de um dragão
Daria a salvação
Ou então
Porque não
Um caixote vazio
Puxado por um fio
Faria de camião!
À menina
Brincando na casinha
Ninguém diria
Que aquilo é fantasia
A boneca que embala
Quem iria acordá-la?
Está cheia de soninho
E só neste colinho
Adormece e se cala!

Ó gente adulta
Ajuizada e culta
Eu mandaria embora
A vossa televisão
Que não tem para cada hora
Uma história e uma canção!
Não gosto de ver os homens a matar
À faca e à pistola
Eu quero é uma bola
P´ra chutar
E uma flauta
P´ra tocar.

Também não queria revistas nem postais
Desses que vós gostais
E que mostram o amor
Doutra cor
E com outro sabor
Que o nosso não tem
O amor é generoso
Amarelo, azul, verde
E muito belo
Docinho como o regaço da mãe
O vosso amor é esquisito
Mas o nosso é tão bonito…
Gostava de vos mostrar
O que eu acho o que é amar!

E quanto ao vosso dinheiro
Que é sempre o primeiro
Dos sonhos que sonhais
Preferia a magia e a harmonia
Das notas musicais
E em vez de vender e comprar
Eu preferia receber e dar
Ou então,
Porque não
Trocar a minha velha pandeireta
Por cromos da colecção
Para colar na caderneta.

Ó gente crescida
Fazei assim a vida
Suave e colorida
Como os rouxinóis e girassóis
Enchei-a de violas e canções
De poemas e balões
E de milhões de meninos
Pequeninos
Sempre usando calções.
Deixai-nos continuar a crer
Em toda a nossa fantasia
Para poderem crescer
Na paz e na alegria
Todos os meninos do mundo!!

Cidália Santos.

1 Comments:

  • At 1/12/06 20:02, Anonymous Anónimo said…

    Grande Poema, toca-nos no coração...

    Aconselho a todos a lê-lo, apesar de ser enorme, diz-nos muito e retrata bem o mundo que vivemos.
    As crianças não dão importância às coisas materiais, se dão e querem isto e aquilo não será culpa do adulto?
    Acredito que se tiverem um pouco mais de afecto e de atenção por parte do adulto serão mais felizes...

     

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